Chomsky e o golpe de 64
Por Miriam
Ao receber o prêmio Erich Fromm 2010, no último dia 23 de março, em Stuttgart, na Alemanha, Noam Chomsky procedeu à leitura de seu discurso “The evil scourge of terrorism”: Reality, construction, remedy” (O perverso flagelo do terrorismo: Realidade, construção e remédio).
Em vigorosa explanação, ele detalha o mecanismo do terrorismo atual, a partir e após o governo Reagan, vasculhando também nos governos Eisenhower e Kennedy.
Os golpes, invasões, as mazelas da CIa e inteligência militar usadas contra Cuba, Nicarágua, El Salvador, Líbia, Irã, Afeganistão,Teologia da Libertação, Argentina, Chile, Brasil, são expostos como partes da estratégia e campanha dos governos norte americanos de deter a conscientização dos povos para a libertação do seu domínio. Campanha esta que teria terminado somente alguns dias depois da queda do muro de Berlim, em 1989, com o assassinato de jesuítas em El Salvador.
Aqui tradução livre de alguns trechos que nos tocam diretamente:
“À parte Cuba, a praga do estado de terror no hemisfério ocidental foi iniciada com o golpe basileiro em 1964, instalando a primeira de uma série de Estados neo-nazi de Segurança Nacional e inciando uma praga de repressão sem precedente no hemisfério, sempre fortemente apoiados por Washington, fonte de uma particularmente forma de estado-dirigente de terrorismo insternacional. A campanha foi em substancial medida, uma guerra contra a Igreja. Foi mais do que simbólico que culminou no assassinato de seis intelectuais dirigentes latino americanos, padres jesuítas, em Novembro de 1989, poucos dias depois da gueda do muro de Berlim. Eles foram mortos por uma elite do batalhão salvadorenho, recentemente retreinados na Escola de Forças Especiais John F.Kennedy, na Carolina do Nort. Como foi aprendida no último Novembro, mas aparentemente não despertou interesse, a ordem para o assassinato foi assinada pelo chefe do staff e seus associados, todos eles tão estritamente conectados com o Pentágono e a Embaixada dos Estados Unidos, que se tornou muito difícil imaginar que Washington estava alheio aos planos de seu batalhão modelo. A força de elite já tinha deixado um rastro de sangue das vítimas usuais através de hedionda década de 1980 em El Salvador, que se iniciou com o assassinato do Arcebispo Romero, “a voz dos sem voz”, pelas mesmas mãos.
O assassínio dos padres jesuítas foi um duro golpe para a teologia da libertação, o notável reviver do Cristianismo iniciado pelo Papa João XXIII, no Vaticano II, que ele iniciou em 1962, no evento que “introduziu uma nova era na história da Igreja Católica”, nas palavras do renomado teólogo e historiador do cristianismo Hans King. Inspirado pelo Vaticano II, os Bispos da América Latina adotaram “a opção preferencial pelos pobres”, reavivando o pacifismo radical dos Evangelhos que tinham sido eliminados quando o Imperador Constantino estabeleceu o cristianismo como a religião do Império Romano – “a revolução” que converteu “a igreja perseguida” para uma “igreja perseguida”, nas palavras do Rei. No pós-Vaticano II, atentos para reviver o Cristianismo do período pré-Constantino, padres, freiras e leigos levaram a mensagem dos Evangelhos para os pobres e os perseguidos, trouxeram-nos juntos em “bases comunitárias” e os encorajaram a levar seus destinos com suas próprias mãos e trabalharem juntos para acabar a miséria da sobrevivência em brutais domínios de poder dos Estados Unidos.
A reação para essa grave heresia, não estava longe de vir. A primeira desculpa foi o golpe militar no Brasil em 1964, derrubando um governo algo democrático social e instituindo um regime de tortura e violência. A campanha terminou com o assassínio dos jesuítas intelectuais 20 anos atrás. Tem havido muito debate sobre quem merece crédito pela queda do muro de Berlim, mas não há nenhum sobre a responsabilidade pela brutal demolição da tentativa para reviver a igreja dos Evangelhos. A Escola de Washington das Américas, famosa por seu treinamento de matadores latino americanos, orgulhosamente anunciou uma vez, entre os seus itens listados, que a teologia da libertação foi derrotada com a assistência da armada dos Estados Unidos — dado uma mão, sem dúvida ao Vaticano, usando os mais gentis meios de expulsão e supressão.
Como recordam, o último novembro foi dedicado à celebração do 20º aniversário da liberação do leste da Europa da tirania russa, uma vitória das forças do “amor, tolerância,não violência, o espírito humano e perdão”, como Vaclav Havel declarou.Menos atenção – de fato, virtualmente zero – foi devotada para o brutal assassinato de seus contrapartes salvadorenhos, poucos dias depois que o muro de Berlim caiu. E eu duvido que alguém poderia mesmo achar uma alusão para o que aquele brutal assassinato significou: o fim de uma década de terror vicioso na América Central e o triunfo final do “retorno ao barbarismo do nosso tempo”, que se iniciou com o golpe brasileiro de 1964, deixando muitos mártires religiosos em sua vigília e terminando a heresia iniciada no Vaticano II – não exatamente uma era de “amor, tolerância, não violencia, o espírito humanitários e perdão.”
http://chomsky.info/talks/20100323.htm
Autor:luizhenriquemendes - Categoria(s): História
Tags: ditadura militar, golpe de 64, Noam Chomsky
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/03/31/chomsky-e-o-golpe-de-64/
quinta-feira, 27 de maio de 2010
O novo Plano Nacional de Educação
26/05/2010 - Articulação entre União, estados e municípios deve nortear novo Plano Nacional da Educação
O próximo Plano Nacional de Educação, que ordenará as ações no setor para o período de 2011 a 2020, deverá articular o Sistema Nacional de Educação em regime de colaboração e definir metas de aplicação de recursos em educação, atrelados a proporção do PIB (produto Interno Bruto). A afirmação é da consultora legislativa da Câmara dos Deputados, Mariza Abreu, ao analisar os resultados da Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada de 28 de março a 1º de abril, em Brasília.
Ela participa de audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Primeiro a falar aos senadores, Francisco das Chagas Fernandes, secretário-executivo adjunto do Ministério da Educação e coordenador-geral da Conae, também destacou a articulação entre municípios, estados e governo federal como um dos principais desafios para o setor. O novo Plano Nacional de Educação precisa ser submetido ao Congresso para ser adotado pelo governo a partir do próximo ano.
Também Leocádia Maria da Hora Neta, representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação, destacou a necessidade de maior participação da União na educação básica, aumentando a fatia do PIB a ser alocada na educação. Requerimento propondo o debate foi apresentado pelas senadoras Rosalba Ciarlini (DEM-RN) e Marisa Serrano (PSDB-MS) e a audiência pública está sendo conduzida pela presidente da CE, senadora Fátima Cleide (PT-RO).
Da Agência Senado - Fonte:
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06/04/2010 - A regulação do ensino privado
Plano Nacional de Educação terá proposta para apertar controle de ensino privado
Luciano Máximo, de Brasília.
Inspirado nas agências reguladoras de atividades como saúde, energia e petróleo, professores, pais e alunos, gestores públicos, sindicalistas e representantes de organizações sociais querem que o poder público aperte a regulação da educação particular, com foco maior no ensino superior. Cerca de 3 mil delegados reunidos na 1ª Conferência Nacional de Educação (Conae), encerrada na quinta-feira, em Brasília, aprovaram proposta prevendo que no âmbito de um sistema nacional articulado “o Estado deve normatizar, controlar e fiscalizar todas as instituições de ensino sob os mesmos parâmetros e exigências aplicados no setor público”.
A reivindicação deve ser incluída no Plano Nacional da Educação (PNE), documento com as principais políticas públicas educacionais dos próximos dez anos, que em breve entrará na lista de prioridades do Congresso Nacional. Na prática, a conferência definiu que a educação passe a ser interpretada legalmente como um bem público e sua oferta pela iniciativa privada se dê por meio de concessão. Para vingar, a ideia depende de alteração do artigo 209 da Constituição, que prevê a livre iniciativa no setor.
Do Valor - Fonte:
O próximo Plano Nacional de Educação, que ordenará as ações no setor para o período de 2011 a 2020, deverá articular o Sistema Nacional de Educação em regime de colaboração e definir metas de aplicação de recursos em educação, atrelados a proporção do PIB (produto Interno Bruto). A afirmação é da consultora legislativa da Câmara dos Deputados, Mariza Abreu, ao analisar os resultados da Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada de 28 de março a 1º de abril, em Brasília.
Ela participa de audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Primeiro a falar aos senadores, Francisco das Chagas Fernandes, secretário-executivo adjunto do Ministério da Educação e coordenador-geral da Conae, também destacou a articulação entre municípios, estados e governo federal como um dos principais desafios para o setor. O novo Plano Nacional de Educação precisa ser submetido ao Congresso para ser adotado pelo governo a partir do próximo ano.
Também Leocádia Maria da Hora Neta, representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação, destacou a necessidade de maior participação da União na educação básica, aumentando a fatia do PIB a ser alocada na educação. Requerimento propondo o debate foi apresentado pelas senadoras Rosalba Ciarlini (DEM-RN) e Marisa Serrano (PSDB-MS) e a audiência pública está sendo conduzida pela presidente da CE, senadora Fátima Cleide (PT-RO).
Da Agência Senado - Fonte:
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06/04/2010 - A regulação do ensino privado
Plano Nacional de Educação terá proposta para apertar controle de ensino privado
Luciano Máximo, de Brasília.
Inspirado nas agências reguladoras de atividades como saúde, energia e petróleo, professores, pais e alunos, gestores públicos, sindicalistas e representantes de organizações sociais querem que o poder público aperte a regulação da educação particular, com foco maior no ensino superior. Cerca de 3 mil delegados reunidos na 1ª Conferência Nacional de Educação (Conae), encerrada na quinta-feira, em Brasília, aprovaram proposta prevendo que no âmbito de um sistema nacional articulado “o Estado deve normatizar, controlar e fiscalizar todas as instituições de ensino sob os mesmos parâmetros e exigências aplicados no setor público”.
A reivindicação deve ser incluída no Plano Nacional da Educação (PNE), documento com as principais políticas públicas educacionais dos próximos dez anos, que em breve entrará na lista de prioridades do Congresso Nacional. Na prática, a conferência definiu que a educação passe a ser interpretada legalmente como um bem público e sua oferta pela iniciativa privada se dê por meio de concessão. Para vingar, a ideia depende de alteração do artigo 209 da Constituição, que prevê a livre iniciativa no setor.
Do Valor - Fonte:
segunda-feira, 24 de maio de 2010
ESCOLA MUNICIPAL DE BANGU É NOVAMENTE DEPREDADA!
Em visita às escolas de nossa regional constatamos que a EM Pres. Médici foi novamente depredada. A U.E. tem sido alvo de constantes ataques do vandalismo. Em recente visita da SME à escola foram prometidas obras e até agora elas não começaram.
O aspecto da escola hoje era desolador, telhas francesas espatifadas no pátio, funcionários e professores tristes e cabisbaixos, um silêncio mortiço num ambiente que deveria estar fervilhante de vida.
Há que ser aberto um diálogo da escola com a comunidade.
Há que se lotar a escola com funcionários e professores para que ela, que já foi uma referência no bairro, junto à comunidade elabore seu projeto pedagógico, que hoje é imposto, sem a discussão da comunidade escolar.
Trazer a comunidade é condição para uma educação de qualidade, e para isso o funcionamento da U.E. deve ser pleno. Pleno de investimento da prefeitura, investimento na comunidade e nos profissionais.
Vamos cobrar uma atitude da SME.
O aspecto da escola hoje era desolador, telhas francesas espatifadas no pátio, funcionários e professores tristes e cabisbaixos, um silêncio mortiço num ambiente que deveria estar fervilhante de vida.
Há que ser aberto um diálogo da escola com a comunidade.
Há que se lotar a escola com funcionários e professores para que ela, que já foi uma referência no bairro, junto à comunidade elabore seu projeto pedagógico, que hoje é imposto, sem a discussão da comunidade escolar.
Trazer a comunidade é condição para uma educação de qualidade, e para isso o funcionamento da U.E. deve ser pleno. Pleno de investimento da prefeitura, investimento na comunidade e nos profissionais.
Vamos cobrar uma atitude da SME.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Resíduo eletrônico: O que fazer?
Seu computador estraga ou você decide comprar um novo celular. O que você faz com o equipamento antigo? Segundo o professor de Engenharia de Materiais da UFGRS, Hugo Veit, os brasileiros produzem cerca de 300 mil toneladas de resíduo eletrônico anualmente. Infelizmente, o país ainda não tem locais apropriados para descarte desses equipamentos.
Em entrevista, por telefone, à IHU On-Line, Veit alerta para os riscos ambientais que os resíduos eletrônicos podem trazer. “A composição química desses resíduos é muito variada. Se esses metais forem descartados de forma incorreta na natureza, eles vão contaminar o solo, o lençol freático, a água, e, de uma forma ou de outra, isso volta para nós”, destaca. Para o professor, uma das formas para evitar a grande produção deste tipo de lixo é frear o consumismo, uma tarefa nada fácil. “É difícil desmaterializarmos. Temos a vontade de sempre acompanhar a tecnologia, com equipamentos mais novos", defende.
Hugo Veit possui graduação em Engenharia Metalúrgica, mestrado e doutorado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é professor da Escola de Engenharia/Departamento de Materiais e pesquisador do Laboratório de Corrosão, Proteção e Reciclagem de Materiais (LACOR).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – O que pode ser considerado resíduo eletrônico?
Hugo Veit – Todo o tipo de equipamento como mp3, mp4, computador e celular. Esses aparelhos são considerados eletro-eletrônicos, assim como suas pilhas e baterias. Tudo isso é lixo eletro-eletrônico. O que acontece hoje é que a linha branca, que contempla geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupas etc., que antigamente não se enquadravam como lixo eletrônico, começa a fazer parte deste grupo, já que têm em seu sistema cada vez mais eletrônicos embarcados.
IHU On-Line – Onde vão parar os resíduos eletrônicos e qual é o lugar certo?
Hugo Veit – Existem vários destinos para esse lixo. No campo doméstico, não há onde depositá-los, então, muita gente ainda descarta celulares, televisores e computadores velhos junto ao lixo seco. Atualmente, as grandes empresas ou órgãos públicos fazem parcerias, principalmente com ONGs, para remanufatura ou reciclagem.
Eles recebem equipamentos defeituosos ou obsoletos, como processadores, por exemplo, e utilizam as peças para remontar produtos que estejam em condição de uso.
Depois, esses aparelhos geralmente são doados para centros de inclusão digital. Os consumidores domésticos que possuem lixo eletrônico em casa devem levá-lo a esses órgãos sociais, não existe alternativa. Não existem pontos de coleta para esse tipo de resíduo, com exceção de pilhas e baterias. Como o volume é menor, encontramos depósitos para esse tipo de produto em bancos e universidades, por exemplo. As operadoras de celulares também disponibilizam urnas de coleta para celulares obsoletos. O ideal seria levar esse material para indústrias de reciclagem, mas como elas não existem de forma esquematizada no Brasil, o essencial é não misturar o lixo eletrônico com o lixo orgânico ou seco. Caso não haja uma urna de coleta próxima, é interessante procurar entidades sociais que aceitam doações de equipamentos estragados.
IHU On-Line – Que tipo de problemas ambientais os resíduos eletrônicos podem trazer?
Hugo Veit – Vários tipos, pois a composição química desses resíduos é muito variada. Em sua fabricação, são utilizados muitos tipos de metais, e alguns deles são tóxicos. Há chumbo, mercúrio e cádmio, por exemplo. Se esses metais forem descartados de forma incorreta na natureza, eles vão contaminar o solo, o lençol freático, a água, e, de uma forma ou de outra, isso volta para nós. Há outros tipos de compostos químicos que se misturam ao plástico da carcaça do aparelho, que são à base de bromo. Esses compostos são utilizados como retardadores de chama. É uma questão de segurança, mas, no momento da reciclagem, esses compostos, em contato com a natureza, serão prejudiciais à saúde humana. Eles atacam o sistema nervoso, endócrino e respiratório.
IHU On-Line – Qual é o volume brasileiro de lixo eletrônico?
Hugo Veit – Não temos uma estatística muito confiável de quanto resíduo é gerado. O que se tem são dados de vendas de equipamentos. No ano passado, foram vendidos cerca de 40 milhões de celulares e 12 milhões de computadores no Brasil. Cada aparelho tem uma vida útil específica, no caso do celular, é de mais ou menos um ano e meio. No final desse tempo, milhões de aparelhos vão para o lixo. No caso dos computadores, a vida útil é de cerca de três anos.
"Se somarmos todos os produtos, produzimos cerca de 300 mil toneladas por ano de resíduo eletrônico”
A estatística em torno da quantidade de resíduos ainda é insuficiente. O que se tem é um relatório da ONU. No ano passado, foi publicado um relatório com dados de 2005. No trabalho de pesquisa da organização, chegou-se a valores de meio quilo de resíduos de computador por habitante, anualmente, no Brasil. Se pensarmos nisso, levando em conta que temos cerca de 190 milhões de habitantes, teremos 95 milhões de quilos de resíduos só de computadores. No caso dos televisores, são 0,6 quilos por habitantes. Se somarmos todos os produtos, produzimos cerca de 300 mil toneladas por ano de resíduo eletrônico.
IHU On-Line – O senhor pode nos explicar quais são as rotas que podem ser usadas para reciclagem?
Hugo Veit – Há dois tipos de reciclagem: a de metal e a de plásticos. Na parte de metais, temos,
basicamente, quatro rotas possíveis, todas baseadas em processos metalúrgicos, de fabricação de metais a partir da natureza. Existe a pirometalurgia, cuja ideia é baseada em processos térmicos com a fundição do resíduo. Quando imaginamos um resíduo eletrônico dentro de um forno, por exemplo, a ideia é queimá-lo. A parte plástica irá evaporar e a parte metálica vai virar uma liga metálica. É a partir dessa liga que se separa o cobre do ferro, do alumínio etc. O problema dessa rota é que, como estamos queimando o lixo, e a parte plástica é tóxica, devemos ter um bom sistema de escapamento. Porém, processos térmicos têm um grande consumo energético, já que exigem altas temperaturas.
Outra rota é a hidrometalurgia. A ideia é lavar o resíduo para dissolver a parte metálica e levar os metais para uma solução iônica. Assim, podemos separá-los entre si.
A terceira rota é o processamento mecânico, onde se utiliza a diferença de propriedades físicas. Sabemos que alguns metais são mais pesados, magnéticos ou condutores.
A quarta rota para reciclar metais é eletrometalurgia, que, ao invés de conservar os metais na forma sólida, os dissolvem em uma solução iônica, onde podemos reduzi-los a uma célula para que os metais possam ser separados.
Na parte dos plásticos, temos algumas alternativas com três rotas principais: a reciclagem mecânica, química e energética. A reciclagem energética é baseada na ideia de que o plástico é originado do petróleo, e que, em princípio, ele é um combustível que pode ser queimado para a geração de energia. Claro que não é uma queima a céu aberto, é uma queima controlada.
A reciclagem química tem a ideia de pegar o plástico dos equipamentos e transformá-los novamente em um produto petroquímico, como se estivéssemos partindo do petróleo e usando-o para fazer plástico.
Por fim, a reciclagem mecânica é a mais utilizada. Consiste em quebrar o plástico, pegar um tipo de polímero, cuidando para separar os plásticos por tipos, triturá-lo, e, com esse material moído, fazer uma peça plástica. Isso pode ser feito com 100% de material reciclado ou com um percentual de material novo.
IHU On-Line – O setor informal pode reciclar também esses resíduos?
Hugo Veit – Isso é muito complicado. A grande dificuldade da reciclagem de eletro-eletrônicos é a complexidade. Não é uma reciclagem simples e manual. Associações de catadores, por exemplo, não terão equipamentos mais sofisticados para separar esses materiais. É diferente de pegar lixo seco e fazer a separação dos componentes. A reciclagem de eletrônicos envolve processos industriais mais elaborados, com várias etapas.
IHU On-Line – De que forma a sociedade mundial precisa avançar para a desmaterialização?
Hugo Veit – É difícil desmaterializarmos. Temos a vontade de sempre acompanhar a tecnologia, com equipamentos mais novos, mais modernos, com mais recursos. Isso se dá também pela vida útil muito curta dos aparelhos. Porém, muitas vezes, trocamos de celular, por exemplo, não porque ele estragou, mas porque queremos um novo. Esta é uma questão de educação ambiental.
"Muitas vezes, trocamos de celular, por exemplo, não porque ele estragou, mas porque queremos um novo"
A educação de casa, do colégio, deve fazer com que o consumismo não seja tão importante em nossas vidas. O Brasil, principalmente, tem muito que evoluir. Existem outros países onde o consumismo não é tão grande, e mesmo que seja, alguns possuem uma boa educação ambiental e conseguem separar bem o lixo. Quanto mais segregado for o resíduo que geramos, mais viável será o processo de reciclagem. No Brasil, falta muito para uma evolução. Não temos legislação para o lixo eletrônico, então de quem é a responsabilidade? Não existe uma corresponsabilidade. Temos muito que crescer em termos de reciclagem, coleta, educação e conscientização no Brasil.
Entrevista especial com Hugo Veit
Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32551
Em entrevista, por telefone, à IHU On-Line, Veit alerta para os riscos ambientais que os resíduos eletrônicos podem trazer. “A composição química desses resíduos é muito variada. Se esses metais forem descartados de forma incorreta na natureza, eles vão contaminar o solo, o lençol freático, a água, e, de uma forma ou de outra, isso volta para nós”, destaca. Para o professor, uma das formas para evitar a grande produção deste tipo de lixo é frear o consumismo, uma tarefa nada fácil. “É difícil desmaterializarmos. Temos a vontade de sempre acompanhar a tecnologia, com equipamentos mais novos", defende.
Hugo Veit possui graduação em Engenharia Metalúrgica, mestrado e doutorado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é professor da Escola de Engenharia/Departamento de Materiais e pesquisador do Laboratório de Corrosão, Proteção e Reciclagem de Materiais (LACOR).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – O que pode ser considerado resíduo eletrônico?
Hugo Veit – Todo o tipo de equipamento como mp3, mp4, computador e celular. Esses aparelhos são considerados eletro-eletrônicos, assim como suas pilhas e baterias. Tudo isso é lixo eletro-eletrônico. O que acontece hoje é que a linha branca, que contempla geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupas etc., que antigamente não se enquadravam como lixo eletrônico, começa a fazer parte deste grupo, já que têm em seu sistema cada vez mais eletrônicos embarcados.
IHU On-Line – Onde vão parar os resíduos eletrônicos e qual é o lugar certo?
Hugo Veit – Existem vários destinos para esse lixo. No campo doméstico, não há onde depositá-los, então, muita gente ainda descarta celulares, televisores e computadores velhos junto ao lixo seco. Atualmente, as grandes empresas ou órgãos públicos fazem parcerias, principalmente com ONGs, para remanufatura ou reciclagem.
Eles recebem equipamentos defeituosos ou obsoletos, como processadores, por exemplo, e utilizam as peças para remontar produtos que estejam em condição de uso.
Depois, esses aparelhos geralmente são doados para centros de inclusão digital. Os consumidores domésticos que possuem lixo eletrônico em casa devem levá-lo a esses órgãos sociais, não existe alternativa. Não existem pontos de coleta para esse tipo de resíduo, com exceção de pilhas e baterias. Como o volume é menor, encontramos depósitos para esse tipo de produto em bancos e universidades, por exemplo. As operadoras de celulares também disponibilizam urnas de coleta para celulares obsoletos. O ideal seria levar esse material para indústrias de reciclagem, mas como elas não existem de forma esquematizada no Brasil, o essencial é não misturar o lixo eletrônico com o lixo orgânico ou seco. Caso não haja uma urna de coleta próxima, é interessante procurar entidades sociais que aceitam doações de equipamentos estragados.
IHU On-Line – Que tipo de problemas ambientais os resíduos eletrônicos podem trazer?
Hugo Veit – Vários tipos, pois a composição química desses resíduos é muito variada. Em sua fabricação, são utilizados muitos tipos de metais, e alguns deles são tóxicos. Há chumbo, mercúrio e cádmio, por exemplo. Se esses metais forem descartados de forma incorreta na natureza, eles vão contaminar o solo, o lençol freático, a água, e, de uma forma ou de outra, isso volta para nós. Há outros tipos de compostos químicos que se misturam ao plástico da carcaça do aparelho, que são à base de bromo. Esses compostos são utilizados como retardadores de chama. É uma questão de segurança, mas, no momento da reciclagem, esses compostos, em contato com a natureza, serão prejudiciais à saúde humana. Eles atacam o sistema nervoso, endócrino e respiratório.
IHU On-Line – Qual é o volume brasileiro de lixo eletrônico?
Hugo Veit – Não temos uma estatística muito confiável de quanto resíduo é gerado. O que se tem são dados de vendas de equipamentos. No ano passado, foram vendidos cerca de 40 milhões de celulares e 12 milhões de computadores no Brasil. Cada aparelho tem uma vida útil específica, no caso do celular, é de mais ou menos um ano e meio. No final desse tempo, milhões de aparelhos vão para o lixo. No caso dos computadores, a vida útil é de cerca de três anos.
"Se somarmos todos os produtos, produzimos cerca de 300 mil toneladas por ano de resíduo eletrônico”
A estatística em torno da quantidade de resíduos ainda é insuficiente. O que se tem é um relatório da ONU. No ano passado, foi publicado um relatório com dados de 2005. No trabalho de pesquisa da organização, chegou-se a valores de meio quilo de resíduos de computador por habitante, anualmente, no Brasil. Se pensarmos nisso, levando em conta que temos cerca de 190 milhões de habitantes, teremos 95 milhões de quilos de resíduos só de computadores. No caso dos televisores, são 0,6 quilos por habitantes. Se somarmos todos os produtos, produzimos cerca de 300 mil toneladas por ano de resíduo eletrônico.
IHU On-Line – O senhor pode nos explicar quais são as rotas que podem ser usadas para reciclagem?
Hugo Veit – Há dois tipos de reciclagem: a de metal e a de plásticos. Na parte de metais, temos,
basicamente, quatro rotas possíveis, todas baseadas em processos metalúrgicos, de fabricação de metais a partir da natureza. Existe a pirometalurgia, cuja ideia é baseada em processos térmicos com a fundição do resíduo. Quando imaginamos um resíduo eletrônico dentro de um forno, por exemplo, a ideia é queimá-lo. A parte plástica irá evaporar e a parte metálica vai virar uma liga metálica. É a partir dessa liga que se separa o cobre do ferro, do alumínio etc. O problema dessa rota é que, como estamos queimando o lixo, e a parte plástica é tóxica, devemos ter um bom sistema de escapamento. Porém, processos térmicos têm um grande consumo energético, já que exigem altas temperaturas.
Outra rota é a hidrometalurgia. A ideia é lavar o resíduo para dissolver a parte metálica e levar os metais para uma solução iônica. Assim, podemos separá-los entre si.
A terceira rota é o processamento mecânico, onde se utiliza a diferença de propriedades físicas. Sabemos que alguns metais são mais pesados, magnéticos ou condutores.
A quarta rota para reciclar metais é eletrometalurgia, que, ao invés de conservar os metais na forma sólida, os dissolvem em uma solução iônica, onde podemos reduzi-los a uma célula para que os metais possam ser separados.
Na parte dos plásticos, temos algumas alternativas com três rotas principais: a reciclagem mecânica, química e energética. A reciclagem energética é baseada na ideia de que o plástico é originado do petróleo, e que, em princípio, ele é um combustível que pode ser queimado para a geração de energia. Claro que não é uma queima a céu aberto, é uma queima controlada.
A reciclagem química tem a ideia de pegar o plástico dos equipamentos e transformá-los novamente em um produto petroquímico, como se estivéssemos partindo do petróleo e usando-o para fazer plástico.
Por fim, a reciclagem mecânica é a mais utilizada. Consiste em quebrar o plástico, pegar um tipo de polímero, cuidando para separar os plásticos por tipos, triturá-lo, e, com esse material moído, fazer uma peça plástica. Isso pode ser feito com 100% de material reciclado ou com um percentual de material novo.
IHU On-Line – O setor informal pode reciclar também esses resíduos?
Hugo Veit – Isso é muito complicado. A grande dificuldade da reciclagem de eletro-eletrônicos é a complexidade. Não é uma reciclagem simples e manual. Associações de catadores, por exemplo, não terão equipamentos mais sofisticados para separar esses materiais. É diferente de pegar lixo seco e fazer a separação dos componentes. A reciclagem de eletrônicos envolve processos industriais mais elaborados, com várias etapas.
IHU On-Line – De que forma a sociedade mundial precisa avançar para a desmaterialização?
Hugo Veit – É difícil desmaterializarmos. Temos a vontade de sempre acompanhar a tecnologia, com equipamentos mais novos, mais modernos, com mais recursos. Isso se dá também pela vida útil muito curta dos aparelhos. Porém, muitas vezes, trocamos de celular, por exemplo, não porque ele estragou, mas porque queremos um novo. Esta é uma questão de educação ambiental.
"Muitas vezes, trocamos de celular, por exemplo, não porque ele estragou, mas porque queremos um novo"
A educação de casa, do colégio, deve fazer com que o consumismo não seja tão importante em nossas vidas. O Brasil, principalmente, tem muito que evoluir. Existem outros países onde o consumismo não é tão grande, e mesmo que seja, alguns possuem uma boa educação ambiental e conseguem separar bem o lixo. Quanto mais segregado for o resíduo que geramos, mais viável será o processo de reciclagem. No Brasil, falta muito para uma evolução. Não temos legislação para o lixo eletrônico, então de quem é a responsabilidade? Não existe uma corresponsabilidade. Temos muito que crescer em termos de reciclagem, coleta, educação e conscientização no Brasil.
Entrevista especial com Hugo Veit
Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32551
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Em primeira votação, o PEC 48/2009, que cria o cargo de Animador Cultural na SEE, é aprovado por unanimidade
Diante de mais duzentos animadores culturais que vieram em caravanas de todo o estado e lotaram as galerias da Assembléia Legislativa, a votação que aprovou a criação do cargo de Animador Cultural na SEE foi encerrada por volta das 18 horas. Eram necessários 42 votos favoráveis para a aprovação do PEC, mas todos os 54 parlamentares presentes votaram em apoio à luta dos animadores. Após a votação, os animadores culturais promoveram uma grande festa que se estendeu pelas galerias e escadarias da Alerj. Como se trata de emenda constitucional haverá um segundo turno de votação, provavelmente na próxima semana. As lideranças dos animadores culturais, embora manifestando grande otimismo para a segunda votação, pregam que a categoria deve estar alerta e convocam para um ato publico no dia 11 de maio (terça-feira), na Alerj, com a participação da comunidade escolar.
Fonte:http://www.seperj.org.br/site/index.html
Diante de mais duzentos animadores culturais que vieram em caravanas de todo o estado e lotaram as galerias da Assembléia Legislativa, a votação que aprovou a criação do cargo de Animador Cultural na SEE foi encerrada por volta das 18 horas. Eram necessários 42 votos favoráveis para a aprovação do PEC, mas todos os 54 parlamentares presentes votaram em apoio à luta dos animadores. Após a votação, os animadores culturais promoveram uma grande festa que se estendeu pelas galerias e escadarias da Alerj. Como se trata de emenda constitucional haverá um segundo turno de votação, provavelmente na próxima semana. As lideranças dos animadores culturais, embora manifestando grande otimismo para a segunda votação, pregam que a categoria deve estar alerta e convocam para um ato publico no dia 11 de maio (terça-feira), na Alerj, com a participação da comunidade escolar.
Fonte:http://www.seperj.org.br/site/index.html
Educação Popular e a construção de um saber-instrumento*
(…)
A própria divisão social e especializada do trabalho no processo de produção capitalista impede que cada trabalhador, membro desse processo, se situe como parte dele e veja o produto final como fruto do trabalho de todos; fornece-lhe uma visão compartimentalizada e individualizada do próprio processo de trabalho em que está inserto.
Essa visão fragmentária dificulta o surgimento de uma concepção de mundo homogênea e articulada por parte das classes trabalhadoras. A classe dominante, além disso, empreende uma ação continua através de vários aparelhos estatais, no sentido de desorganizar politicamente essas classes, seja transformando suas reivindicações imediatas em necessidades estatais, seja eliminando suas lideranças e organizações políticas.
A história e o saber das classes dominadas, por estas razões, apresentam-se fragmentados.
Uma educação comprometida com o interesse das classes trabalhadoras deve ter como uma de suas preocupações básicas a criação de condições para que estas articulem suas diversas experiências históricas e as formas atomizadas de seu conhecimento num todo homogêneo, para que possam elaborar uma nova concepção de mundo.
(…)
A elaboração deste novo saber, que não se realiza naturalmente, exige uma troca recíproca de experiências e conhecimentos entre educadores e grupos de trabalhadoras. Supõe, como diria Gramsci, um novo tipo de intelectual “… que não pode mais construir na eloqüência, motor exterior e momentâneo dos afetos e das paixões, mas num imiscuir-se ativamente na vida prática, como construtor, organizador persuasor „permanente‟, já que não apenas orador puro…”1
(…)
A educação popular pode, justamente, auxiliar essas classes na preparação de sua capacidade dirigente, fornecendo um instrumental básico a seus líderes e dirigentes para que possam por si mesmos assumir e executar mais eficazmente uma série de tarefas no interior de suas organizações políticas. Deveria, assim, estimular e promover o treino de habilidades de expressão e comunicação, e de coordenar debates, a de organizar atividades, a de selecionar, coletar , reunir e sistematizar informações e dados, a de relacionar dados e fatos e etc.
(…)
Para tanto, como acentua Gramsci, a experiência educativa “… não pode consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que cada „cidadão‟ possa se tornar „governante‟ e que a sociedade o coloque, ainda que „abstratamente‟, nas condições gerais de poder fazê-lo: a democracia política tende a fazer coincidir governantes e governados (no sentido do governo com o consentimento dos governados), assegurando a cada governado a aprendizagem gratuita das capacidades e da preparação técnica geral necessária ao fim de governar…”2
(*) Fragmento extraído e adaptado de “Educação popular: desafios metodológicos”, de Leila Maria da Silva Blass, Silvia Maria Manfredi e Sonia P. Barros, publicado em Cadernos do CEDES nº 1, 3ª reimpressão, em 1984. Campinas, São Paulo.
1 Gramsci, Antonio – Os Intelectuais e a Organização da Cultura, p. 8.
2 Gramsci, A. – Os intelectuais… , p. 137.
(…)
A própria divisão social e especializada do trabalho no processo de produção capitalista impede que cada trabalhador, membro desse processo, se situe como parte dele e veja o produto final como fruto do trabalho de todos; fornece-lhe uma visão compartimentalizada e individualizada do próprio processo de trabalho em que está inserto.
Essa visão fragmentária dificulta o surgimento de uma concepção de mundo homogênea e articulada por parte das classes trabalhadoras. A classe dominante, além disso, empreende uma ação continua através de vários aparelhos estatais, no sentido de desorganizar politicamente essas classes, seja transformando suas reivindicações imediatas em necessidades estatais, seja eliminando suas lideranças e organizações políticas.
A história e o saber das classes dominadas, por estas razões, apresentam-se fragmentados.
Uma educação comprometida com o interesse das classes trabalhadoras deve ter como uma de suas preocupações básicas a criação de condições para que estas articulem suas diversas experiências históricas e as formas atomizadas de seu conhecimento num todo homogêneo, para que possam elaborar uma nova concepção de mundo.
(…)
A elaboração deste novo saber, que não se realiza naturalmente, exige uma troca recíproca de experiências e conhecimentos entre educadores e grupos de trabalhadoras. Supõe, como diria Gramsci, um novo tipo de intelectual “… que não pode mais construir na eloqüência, motor exterior e momentâneo dos afetos e das paixões, mas num imiscuir-se ativamente na vida prática, como construtor, organizador persuasor „permanente‟, já que não apenas orador puro…”1
(…)
A educação popular pode, justamente, auxiliar essas classes na preparação de sua capacidade dirigente, fornecendo um instrumental básico a seus líderes e dirigentes para que possam por si mesmos assumir e executar mais eficazmente uma série de tarefas no interior de suas organizações políticas. Deveria, assim, estimular e promover o treino de habilidades de expressão e comunicação, e de coordenar debates, a de organizar atividades, a de selecionar, coletar , reunir e sistematizar informações e dados, a de relacionar dados e fatos e etc.
(…)
Para tanto, como acentua Gramsci, a experiência educativa “… não pode consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que cada „cidadão‟ possa se tornar „governante‟ e que a sociedade o coloque, ainda que „abstratamente‟, nas condições gerais de poder fazê-lo: a democracia política tende a fazer coincidir governantes e governados (no sentido do governo com o consentimento dos governados), assegurando a cada governado a aprendizagem gratuita das capacidades e da preparação técnica geral necessária ao fim de governar…”2
(*) Fragmento extraído e adaptado de “Educação popular: desafios metodológicos”, de Leila Maria da Silva Blass, Silvia Maria Manfredi e Sonia P. Barros, publicado em Cadernos do CEDES nº 1, 3ª reimpressão, em 1984. Campinas, São Paulo.
1 Gramsci, Antonio – Os Intelectuais e a Organização da Cultura, p. 8.
2 Gramsci, A. – Os intelectuais… , p. 137.
Achamos interessante e sugerimos à leitura.
Analisando a publicação da Veja sobre a Educação nas Escolas Municipais do Rio de Janeiro
Caros, faço uma breve análise sobre a reportagem que saiu nesse final de semana na Veja Rio. Fiquem à vontade para comentar.
Um abraço
Denise
A nova cartilha das escolas
Lívia de Almeida e Sofia Cerqueira
A proibição do uso de bonés e de pulseiras nos colégios municipais é apenas uma pequena amostra de um ambicioso projeto para melhorar o ensino público na cidade — e os primeiros resultados já estão aparecendo.
Quais são os resultados que estão aparecendo?
Quando é que proibição de uso de bonés e pulseiras se tornou condição para a melhoria do ensino público?
Estudantes da rede municipal: provas, currículo padronizado e combate ao analfabetismo
Ao assumir o cargo de secretária da Educação do município do Rio de Janeiro, no início do ano passado, a administradora Claudia Costin deparou com uma situação surreal. Uma das premissas básicas da área, que estabelece direitos e deveres para alunos e professores, não passava de mera abstração nas mais de 1 000 escolas da rede municipal de ensino.
Uma das premissas básicas para a situação real das Escolas é o envolvimento e a construção coletiva do Projeto Político Pedagógico das Escolas. Dada a diversidade e a complexidade da nossa rede de ensino, não cabem regras centralizadoras e, sim, orientações básicas para que cada Unidade Escolar produza o seu próprio Projeto e, consequentemente, as suas regras de convivência. Isso é dar autonomia à escola.
Sem uma orientação central que balizasse as regras mais elementares, os colégios da rede, do 1º ao 9ª ano do ensino fundamental, estavam entregues a uma situação de descontrole que, não raro, acabava em conflitos entre alunos, pais e mestres. Essa situação mudou.
Qual situação que mudou? Descontrole porque não havia regras centralizadoras? Do que é que estamos falando, de verdade?
Quer dizer que, de agora em diante, os conflitos acabaram porque finalmente a SME publicou um manual de regras e punições? A partir de uma Resolução, as pessoas passarão a se tratar melhor, de maneira mais respeitosa e digna?
Continuamos precisando de tutela?
No último dia 15, foi publicada no Diário Oficial uma série de regras de conduta e comportamento que determinam desde a proibição do uso de bonés e adereços que expressem insinuações sexuais (como as pulseirinhas do sexo) até a apreensão de celulares encontrados em poder dos alunos — restrições corriqueiras nas instituições privadas.
O fato dessas restrições serem corriqueiras nas instituições privadas não significa que elas sejam produtivas. Significa, apenas, que todos agem da maneira mais fácil – que é punir – e menos educativa – que é tentar outras abordagens que levem as crianças e jovens a pensarem sobre as suas atitudes. Educar dá trabalho. Exige que estejamos reinventando constantemente o nosso fazer e adaptando-o às diferentes situações que ocorrem no cotidiano escolar. Não há receitas prontas. O que serve para um grupo de alunos, não serve para outro. Esse é um princípio básico de quem lida com Educação.
Também é listado um conjunto de punições aos transgressores, que vão da advertência ao encaminhamento a órgãos como a Procuradoria de Infância e da Juventude ou a delegacia de polícia em casos graves, como agressões físicas e depredação do patrimônio.
É o caminho mais fácil... tratar os nossos alunos como inimigos e marginais é de uma suprema falta de sensibilidade. É desconhecer que, por trás de cada “transgressor” existe um contexto que o faz desse jeito. Existe toda uma sociedade que diz ininterruptamente NÃO para ele. A escola não pode ser a escola do “não pode”, tem que ser a escola do diálogo e do entendimento. Estamos aqui para lidar com essa situação. E se não sabemos fazer isso, temos que aprender. Lugar de punição é na delegacia. E lá não há compromisso com educação.
Sem contar que agora poderemos “nos livrar dos alunos terríveis”. E mandá-los exatamente para onde? Os ‘alunos terríveis’ são o nosso maior desafio. Precisamos deles para aperfeiçoar a nossa prática docente. O ‘aluno bonzinho’, que é obediente e faz tudo de maneira comportada, ou seja, fica quieto enquanto falamos, não precisa de nós. Não precisamos de platéia para nos aplaudir ao final das aulas, precisamos dar significado ao que ensinamos aos nossos alunos.
Ao mesmo tempo, os educadores estão sendo treinados por uma ONG para aprender a lidar com a mediação de conflitos e, com isso, reduzir drasticamente a possibilidade de embates. “O professor precisava de instrumentos para o resgate da sua autoridade e respeitabilidade”, ressalta Claudia. “Não se trata apenas de regras hierárquicas, mas sim de princípios básicos de convivência.”
Mais uma ONG contratada – sem licitação - com a carta branca recebida pela Sra. Secretária para moralizar a Educação no nosso município. Ninguém dará autoridade e respeitabilidade ao professor, a não ser ele mesmo. A primeira pessoa que tem que respeitar o professor é o próprio.
À primeira vista, algumas dessas medidas podem parecer duras, deslocadas em uma sociedade cada vez mais permissiva com os desejos de crianças e adolescentes. Não são.
As medidas são duras e deslocadas não para a sociedade permissiva, mas para o ambiente escolar.
À frente de uma complexa rede que abarca 650 000 alunos e 36 000 professores, boa parte deles em áreas de risco, sob o domínio do tráfico de drogas, o desafio da secretária é mostrar que existe um novo comando, que o governo se preocupa com aquelas escolas e com o que acontece lá dentro e, acima de tudo, que está disposto a transformar uma realidade que por décadas se mostrou um desastre.
O número de alunos na Rede Municipal diminuiu? Eram mais de 900 mil...
O desafio da Secretária é mostrar quem é que manda, o desafio com a educação dos alunos é de todos os envolvidos, e devemos buscar soluções coletivas e adequadas a cada contexto. A situação social perturbadora e indigna com a qual convivemos não será resolvida por decretos. É preciso educar com seriedade e compromisso. Isso significa qualificar os educadores e dar autonomia às escolas. Já sabemos que não há comprometimento quando não nos sentimos envolvidos. As ordens que chovem da SME caem nas escolas de maneira aterradora. É a instituição do medo.
Na verdade, as orientações em relação ao vestuário e a aparelhos eletrônicos são apenas um complemento do que está sendo feito. Desde que tomou posse, Claudia Costin adotou como mantra duas palavras simples: “Sem desculpas”. Isso significa que nenhuma adversidade pode servir de justificativa para a debilidade do ensino na cidade.
Mais uma vez estamos diante de uma inflexibilidade que não combina com a Educação. Existem adversidades, sim, que servem como justificativas para a debilidade do ensino na nossa cidade. A maior delas é a descontinuidade política a qual ficamos submetidos, em que cada um que chega quer deixar a sua marca, pouco se importando com o que já foi realizado anteriormente. Política pública de Educação precisa de continuidade. É profundamente ingênuo acreditar que “agora vamos consertar tudo o que fizeram de errado antes”. E é profundamente desrespeitoso também. É puro jogo de política partidária.
Logo nos primeiros meses de gestão, ela implementou medidas simples, já testadas em outras partes do Brasil, mas que eram ignoradas por aqui. Estabeleceu, por exemplo, o que deveria ser ensinado em cada série, bimestre a bimestre, em todas as escolas. Com isso, criou um currículo padronizado, coisa que, pasmem, não existia.
Como é que é??? Essa reportagem é séria? Quer dizer que na cidade do Rio de Janeiro não havia um currículo a ser cumprido? Meu Deus!!! Que afirmação leviana! A Sra. Secretária procurou se inteirar verdadeiramente do que ocorria na SME? Quem é que fez a transição para/com ela? Quem é a equipe que permanece na SME, assessorando a Secretária, e deixa uma afirmação dessa ser publicada?
Alguém aí já ouviu falar em MultiEducação?
E, pasmem, senhoras jornalistas, currículo padronizado, com todo mundo andando juntinho, ao mesmo tempo, não existe há décadas. Existem sugestões e orientações curriculares, para serem analisadas e discutidas, de acordo coma realidade de cada escola. Vocês sabiam que as recomendações do MEC falam de Parâmetros Curriculares e não de camisas de força curriculares?
E, novamente, caímos no conto do vigário... A orientação que era feita pela SME (sim, existia uma orientação para conhecimento de vocês) apontava para os conhecimentos e os conceitos que deveriam ser construídos em cada série – ou ciclo – e ao longo do Ensino Fundamental. Nunca mostraram essa material para a Sra. Secretária? A MultiEducação foi produzida pelas equipes pedagógicas da SME, e não por pessoas que desconhecem a nossa realidade.
De que inovação estão falando???
Orientou ainda os docentes a cobrar os deveres de casa das crianças e produziu cadernos de exercícios para as disciplinas. A aplicação de provas, que havia sido eliminada em administrações anteriores, voltou a ser regra e agora acontece a cada dois meses.
Cobrar deveres de casa das crianças... esse é mais um passo para alcançarmos a educação de qualidade? Vamos cobrar deveres de casa que serão feitos em que local? Sob a orientação de quem? Qual é o modelo de família e de casa que a SME imagina que existe?
A Sra. Secretária acredita mesmo que se aprende com quantidade de exercícios feitos? É com reforço repetitivo que se aprende?
Em que lugar está escrito que as provas foram eliminadas em administrações anteriores??? Outra afirmação leviana, típica de campanha eleitoral!
A avaliação contínua, processual e com vistas a dar um retorno para o professor sobre a quantas anda a aprendizagem de seus alunos, existe como pressuposto educativo desde o início do século passado. O que a SME pregou nos últimos tempos foi a necessidade de se variar a quantidade e a diversidade das situações avaliativas. NUNCA se proibiu a aplicação de provas, mas sempre insistimos que os alunos não devem ser avaliados por apenas uma prova, o que é completamente diferente e, parece, propositalmente distorcido.
“Antigamente, cada um seguia um caminho para chegar a um lugar que não sabíamos muito bem qual era. Hoje, falamos a mesma língua para atingir metas claras”, endossa a professora Deise Aparecida Gonçalves, com 22 anos de magistério na Escola Afonso Várzea, no Complexo do Alemão.
Por que é que os professores afirmam que não sabiam em qual lugar deveriam chegar? Qual é a dificuldade em compreender que o lugar que se pretende chegar, sempre, em qualquer ambiente educativo, é a aprendizagem? Os professores pararam de ensinar porque não havia um currículo padronizado e nem provas únicas? É essa a conclusão que devemos chegar ao ler a reportagem?
Claudia Costin: o professor como principal aliado nas mudanças
Entre as inúmeras batalhas travadas pela secretária Claudia Costin nos últimos meses, a mais dramática envolveu o analfabetismo entre os estudantes da rede. Essa situação vergonhosa veio à tona depois da aplicação de uma prova aos 211 000 alunos do 4º ao 6º ano, com idade entre 9 e 11 anos, logo no início de 2009. Com os exames, percebeu-se que 28 000 crianças eram analfabetas funcionais, como são chamadas as pessoas que, embora formalmente sejam capazes de ler e escrever, mostram-se incapazes de compreender um texto ou redigir uma pequena carta, por exemplo. Outro teste, aplicado a todas as séries, mostrou que quase 40% dos alunos apresentavam defasagem de conhecimento em matemática e 20% em português. Era um problema que vinha sendo jogado para debaixo do tapete fazia vários anos com a conivência de um sistema que previa a aprovação automática dos estudantes.
As afirmações são levianas. A Sra. Secretária está em plena guerra, numa batalha atrás da outra... vive dramaticamente cada dia (é para os leitores ficarem penalizados?). Esse problema nunca foi jogado para debaixo do tapete e nem houve conivência com essa situação. Houve descontinuidade nos processos, como está ocorrendo agora.
A situação do analfabetismo funcional vem de longa data e podemos afirmar, com carinho e pesar, que grande parte da responsabilidade dessa situação está no despreparo dos educadores para lidar com as metodologias de aprendizagem. Todas as vezes que se tenta alfabetizar sem sentido, é isso que ocorre. Paulo Freire nos ensinou essa parte, na década de 60.
E voltamos a mais um mantra eleitoreiro (isso, sim, é um mantra) que é a história da aprovação automática.
É tão mais fácil falar mal do sistema de avaliação, sem conhecê-lo, e ficar no senso comum, no lugar das coisas mal compreendidas...
Por que é que se tem tanta má vontade para tentar compreender que a avaliação não é uma peça solta no cardápio escolar? Por que é tão difícil as pessoas compreenderem que a avaliação é uma conseqüência natural, vinculada a uma prática pedagógica? E que, no caso do Rio de Janeiro, acreditamos que somos seres aprendentes, que ninguém desaprende, que a aprendizagem é contínua e que também construímos e reconstruímos conhecimentos? Por que é tão impossível se compreender que os alunos vão para a escola para aprender, e não para serem punidos? Por que é que não avaliamos o que o aluno sabe, ao invés de ficarmos perseguindo o que ele não sabe?Falamos todo o tempo em avaliação contínua e processual e essa expressão se transformou, simplesmente, em aprovação automática.
Isso é sério! É caso de calunia.
E quando, no final de 2009, já na gestão moralizadora, os diretores das escolas foram obrigados a inventar notas para os alunos que não tiveram professores durante o ano letivo? Foi uma das inúmeras ordens que foi dada em um dia para o mesmo dia... E ai de quem não cumprisse... Qual é nome que se dá a esse tipo de “avaliação”?
Inspirada em práticas bem-sucedidas no Brasil e no exterior, Claudia instituiu um programa de alfabetização para alunos de 4º e 5º ano, que já teve êxito com mais de 12 000 estudantes, e está enfrentando o déficit de aprendizagem com programas de reforço ministrados por voluntários, estagiários e ONGs. Os resultados desse esforço estão sendo medidos através da Prova Rio, uma avaliação externa aplicada uma vez por ano que permitiu identificar as 25 melhores escolas e as 100 piores do município.
As práticas bem sucedidas no Brasil são as divulgadas pelo Instituto Ayrton Senna – também contratado sem licitação e sem respaldo técnico pela SME. São livros didáticos que devem ser seguidos à risca, ao mesmo tempo, no mesmo ritmo, por todos os grupos envolvidos. Mais uma vez, os professores são obrigados a apenas seguir o que lhes é mandado, sem possibilidade de questionar ou adaptar o material as suas turmas.
Para isso, as equipes das Gerências de Educação das CREs transformaram-se em fiscalizadoras do projeto. Tomadoras de conta dos professores.
Quanto às práticas bem sucedidas no exterior, voltamos à história da contratação, também sem licitação e sem aval técnico, do Instituto Alfa e Beto, de Brasília, que pretende resolver o problema de alfabetização dos nossos alunos com o método fônico. A referência maior e mais divulgada é a da Dinamarca... Vocês devem saber que somos um povo muito próximo dos dinamarqueses. Nosso ambiente sócio-econômico-cultural é muito semelhante...
E voltamos, novamente à década de 60, com direito a reforço escolar e à “vovó viu a uva” e “o boi baba no babador”.
Com base nesses dados, os educadores das turmas de melhor desempenho serão premiados com um 14º salário. A assiduidade também será levada em conta na distribuição dos bônus — só receberão o prêmio os profissionais que tiverem menos de cinco faltas no ano. “A prefeitura está dando os primeiros passos de um longo caminho ao criar mecanismos, ferramentas e uma cultura de trabalho”, avalia o economista Sérgio Besserman, membro da comissão Parceiros da Educação Carioca, que reúne na secretaria representantes da sociedade civil.
Essas estratégias utilizadas pelos Administradores de plantão, com vistas à qualidade total ou coisa parecida, podem funcionar muito bem em empresas e fábricas, em que o que importa é ter um produto pronto e acabado num determinado tempo. Premiar os vendedores que conseguiram vender mais fogões, automóveis ou títulos de seguro também funciona, porque o sujeito só enxerga o sentido do seu trabalho na produtividade, que se traduz em vender e lucrar.
No nosso caso, premiar o que deve ser feito por todos, significa exatamente o quê? Estamos premiando os professores que não faltam e que ensinam? Mas essas não são condições básicas do trabalho docente?
E depois a gente reclama que a sociedade está numa total inversão de valores... que a competitividade está acabando com o ser humano... por que será? Será que esse tipo de atitude concorre para melhorar essa sociedade?Ou não conseguimos enxergar o que isso tem a ver com a formação dos alunos e dos próprios professores?
Até agora o que temos visto é uma exacerbação da competitividade em todos âmbitos. A SME está se esmerando em produzir competidores por excelência! As CREs disputam com as outras CREs. Escolas contra Escolas; professores contra professores; turmas contra turmas; alunos contra alunos...
Depois a gente chama a polícia para apartar... não é isso que estamos fazendo?
Isso é que estão chamando de educação de qualidade?
Abandonados pelas últimas administrações, os professores são um ponto crucial na estratégia. Para isso, a própria secretária abriu um canal direto de comunicação com o corpo docente ao tornar público seu e-mail pessoal já no primeiro dia no cargo. Em seguida, passou a utilizar ferramentas da internet, a começar pelo Twitter, para a divulgação de ideias, prestação de contas e notícias. Está com quase 6 000 seguidores.
Está certo, com a ressalva que os professores foram abandonados pela última administração e não pelas últimas administrações.
O canal direto de comunicação que a Sra. Secretária abriu, divulgando o seu e-mail pessoal, não representa absolutamente nada, na medida em que ela só responde, quando responde, ao que interessa a ela. Não se tem acesso para sugerir ou discordar de coisa alguma. Os professores se queixam que estão cansados de enviar mensagens que não têm resposta.
Os 5600 seguidores da Secretária são exatamente isso: seguidores. Apenas seguem. Os que merecem comentários e retwitadas são apenas os que concordam e aplaudem as iniciativas, que devem ser, mais ou menos uns... poucos. Os blogs e comunidades da SME são devidamente censurados e também só divulgam as mensagens elogiosas. Tá certo, tá certo, estão fazendo a parte deles.
É bom lembrar que, no afã de conquistar seguidores, a Sra. Secretária divulga coisas ainda não devidamente analisadas e amadurecidas pela sua equipe e, não raro, as suas mensagens são desmentidas, ou simplesmente enlouquecem a sua assessoria.
O corpo a corpo também tem sido importante nesse processo. Pelo menos duas vezes por semana ela deixa o gabinete e visita escolas. Faz questão de entrar em todas as salas. Como só conversa não basta, Claudia instituiu ainda um programa em que os educadores escolhem, a cada três meses, um livro nacional e um estrangeiro para ler. As obras que ganham essa espécie de eleição são distribuídas gratuitamente pela prefeitura. “Esse tipo de iniciativa dá um novo gás para a gente”, atesta Milene Basílio Stanislovaitis, diretora da Escola Ítalo Zappa, em Vargem Pequena.
Os livros e as visitas são excelentes iniciativas.
Pena que as os professores das Salas de Leitura, do PEJA e dos alunos portadores de necessidades especiais estejam sendo sacrificados por ordens e contra ordens.
Nascida em São Paulo, Claudia Maria Costin, 54 anos, construiu uma sólida carreira no setor público. Formada em administração pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), ela já exerceu os cargos de ministra da Reforma do Estado no governo FHC e de secretária de Cultura de São Paulo na gestão do governador Geraldo Alckmin. Foi também vice-presidente da Fundação Victor Civita, mantida pelo Grupo Abril, ao qual pertence Veja Rio.
E aqui a gente compreende perfeitamente a motivação dessa reportagem.
O que causa espanto é uma pessoa que lidou tanto tempo com a Revista Nova Escola não ter se apropriado de quase nada do que a revista divulga.
Convidada no fim de 2008 para assumir a Pasta da Educação no Rio, pediu ao prefeito Eduardo Paes carta branca para implementar por aqui as melhores práticas da área.
Faz isso com maestria. Não dá satisfação a ninguém dos seus atos, independente de estar ou não implementando as “melhores” práticas.
Foi atendida, mudou-se para a cidade e, desde então, conta que tem trabalhado uma média de doze horas por dia na secretaria e outras tantas em fóruns pela internet e visitas. Ao contrário de muitos dos seus pares, comporta-se na administração pública como se estivesse na iniciativa privada.
Inclusive, a assessoria direta fica “de castigo” na SME até tarde da noite, sem poder ir para casa, enquanto a Sra. Secretária twitta.
Seria bom tratar a instituição pública como pública, no que diz respeito à divulgação de suas justificativas. Induzir o leitor a acreditar que a iniciativa privada é melhor que a administração pública, é pouco sério e indigno.
Falemos das boas práticas. Isso não é um jogo: iniciativa privada X administração pública, não são anjos versus demônios. Existem boas e más condutas em todas as instâncias.
Seu desafio continua gigantesco. Mas, com tanto empenho, ela tem grandes chances de ser bem-sucedida.
E se continuar contando com a benevolência dos meios de comunicação, como tem sido até agora, poderá, inclusive, se candidatar a algum cargo eletivo no próximo pleito. Aí, sim, será totalmente bem sucedida!
Fonte: http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m1831/a-nova-cartilha-das-escolas - TAGS: SME/RJ - veja rio - educação
Retirado de http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=22880
Analisando a publicação da Veja sobre a Educação nas Escolas Municipais do Rio de Janeiro
Caros, faço uma breve análise sobre a reportagem que saiu nesse final de semana na Veja Rio. Fiquem à vontade para comentar.
Um abraço
Denise
A nova cartilha das escolas
Lívia de Almeida e Sofia Cerqueira
A proibição do uso de bonés e de pulseiras nos colégios municipais é apenas uma pequena amostra de um ambicioso projeto para melhorar o ensino público na cidade — e os primeiros resultados já estão aparecendo.
Quais são os resultados que estão aparecendo?
Quando é que proibição de uso de bonés e pulseiras se tornou condição para a melhoria do ensino público?
Estudantes da rede municipal: provas, currículo padronizado e combate ao analfabetismo
Ao assumir o cargo de secretária da Educação do município do Rio de Janeiro, no início do ano passado, a administradora Claudia Costin deparou com uma situação surreal. Uma das premissas básicas da área, que estabelece direitos e deveres para alunos e professores, não passava de mera abstração nas mais de 1 000 escolas da rede municipal de ensino.
Uma das premissas básicas para a situação real das Escolas é o envolvimento e a construção coletiva do Projeto Político Pedagógico das Escolas. Dada a diversidade e a complexidade da nossa rede de ensino, não cabem regras centralizadoras e, sim, orientações básicas para que cada Unidade Escolar produza o seu próprio Projeto e, consequentemente, as suas regras de convivência. Isso é dar autonomia à escola.
Sem uma orientação central que balizasse as regras mais elementares, os colégios da rede, do 1º ao 9ª ano do ensino fundamental, estavam entregues a uma situação de descontrole que, não raro, acabava em conflitos entre alunos, pais e mestres. Essa situação mudou.
Qual situação que mudou? Descontrole porque não havia regras centralizadoras? Do que é que estamos falando, de verdade?
Quer dizer que, de agora em diante, os conflitos acabaram porque finalmente a SME publicou um manual de regras e punições? A partir de uma Resolução, as pessoas passarão a se tratar melhor, de maneira mais respeitosa e digna?
Continuamos precisando de tutela?
No último dia 15, foi publicada no Diário Oficial uma série de regras de conduta e comportamento que determinam desde a proibição do uso de bonés e adereços que expressem insinuações sexuais (como as pulseirinhas do sexo) até a apreensão de celulares encontrados em poder dos alunos — restrições corriqueiras nas instituições privadas.
O fato dessas restrições serem corriqueiras nas instituições privadas não significa que elas sejam produtivas. Significa, apenas, que todos agem da maneira mais fácil – que é punir – e menos educativa – que é tentar outras abordagens que levem as crianças e jovens a pensarem sobre as suas atitudes. Educar dá trabalho. Exige que estejamos reinventando constantemente o nosso fazer e adaptando-o às diferentes situações que ocorrem no cotidiano escolar. Não há receitas prontas. O que serve para um grupo de alunos, não serve para outro. Esse é um princípio básico de quem lida com Educação.
Também é listado um conjunto de punições aos transgressores, que vão da advertência ao encaminhamento a órgãos como a Procuradoria de Infância e da Juventude ou a delegacia de polícia em casos graves, como agressões físicas e depredação do patrimônio.
É o caminho mais fácil... tratar os nossos alunos como inimigos e marginais é de uma suprema falta de sensibilidade. É desconhecer que, por trás de cada “transgressor” existe um contexto que o faz desse jeito. Existe toda uma sociedade que diz ininterruptamente NÃO para ele. A escola não pode ser a escola do “não pode”, tem que ser a escola do diálogo e do entendimento. Estamos aqui para lidar com essa situação. E se não sabemos fazer isso, temos que aprender. Lugar de punição é na delegacia. E lá não há compromisso com educação.
Sem contar que agora poderemos “nos livrar dos alunos terríveis”. E mandá-los exatamente para onde? Os ‘alunos terríveis’ são o nosso maior desafio. Precisamos deles para aperfeiçoar a nossa prática docente. O ‘aluno bonzinho’, que é obediente e faz tudo de maneira comportada, ou seja, fica quieto enquanto falamos, não precisa de nós. Não precisamos de platéia para nos aplaudir ao final das aulas, precisamos dar significado ao que ensinamos aos nossos alunos.
Ao mesmo tempo, os educadores estão sendo treinados por uma ONG para aprender a lidar com a mediação de conflitos e, com isso, reduzir drasticamente a possibilidade de embates. “O professor precisava de instrumentos para o resgate da sua autoridade e respeitabilidade”, ressalta Claudia. “Não se trata apenas de regras hierárquicas, mas sim de princípios básicos de convivência.”
Mais uma ONG contratada – sem licitação - com a carta branca recebida pela Sra. Secretária para moralizar a Educação no nosso município. Ninguém dará autoridade e respeitabilidade ao professor, a não ser ele mesmo. A primeira pessoa que tem que respeitar o professor é o próprio.
À primeira vista, algumas dessas medidas podem parecer duras, deslocadas em uma sociedade cada vez mais permissiva com os desejos de crianças e adolescentes. Não são.
As medidas são duras e deslocadas não para a sociedade permissiva, mas para o ambiente escolar.
À frente de uma complexa rede que abarca 650 000 alunos e 36 000 professores, boa parte deles em áreas de risco, sob o domínio do tráfico de drogas, o desafio da secretária é mostrar que existe um novo comando, que o governo se preocupa com aquelas escolas e com o que acontece lá dentro e, acima de tudo, que está disposto a transformar uma realidade que por décadas se mostrou um desastre.
O número de alunos na Rede Municipal diminuiu? Eram mais de 900 mil...
O desafio da Secretária é mostrar quem é que manda, o desafio com a educação dos alunos é de todos os envolvidos, e devemos buscar soluções coletivas e adequadas a cada contexto. A situação social perturbadora e indigna com a qual convivemos não será resolvida por decretos. É preciso educar com seriedade e compromisso. Isso significa qualificar os educadores e dar autonomia às escolas. Já sabemos que não há comprometimento quando não nos sentimos envolvidos. As ordens que chovem da SME caem nas escolas de maneira aterradora. É a instituição do medo.
Na verdade, as orientações em relação ao vestuário e a aparelhos eletrônicos são apenas um complemento do que está sendo feito. Desde que tomou posse, Claudia Costin adotou como mantra duas palavras simples: “Sem desculpas”. Isso significa que nenhuma adversidade pode servir de justificativa para a debilidade do ensino na cidade.
Mais uma vez estamos diante de uma inflexibilidade que não combina com a Educação. Existem adversidades, sim, que servem como justificativas para a debilidade do ensino na nossa cidade. A maior delas é a descontinuidade política a qual ficamos submetidos, em que cada um que chega quer deixar a sua marca, pouco se importando com o que já foi realizado anteriormente. Política pública de Educação precisa de continuidade. É profundamente ingênuo acreditar que “agora vamos consertar tudo o que fizeram de errado antes”. E é profundamente desrespeitoso também. É puro jogo de política partidária.
Logo nos primeiros meses de gestão, ela implementou medidas simples, já testadas em outras partes do Brasil, mas que eram ignoradas por aqui. Estabeleceu, por exemplo, o que deveria ser ensinado em cada série, bimestre a bimestre, em todas as escolas. Com isso, criou um currículo padronizado, coisa que, pasmem, não existia.
Como é que é??? Essa reportagem é séria? Quer dizer que na cidade do Rio de Janeiro não havia um currículo a ser cumprido? Meu Deus!!! Que afirmação leviana! A Sra. Secretária procurou se inteirar verdadeiramente do que ocorria na SME? Quem é que fez a transição para/com ela? Quem é a equipe que permanece na SME, assessorando a Secretária, e deixa uma afirmação dessa ser publicada?
Alguém aí já ouviu falar em MultiEducação?
E, pasmem, senhoras jornalistas, currículo padronizado, com todo mundo andando juntinho, ao mesmo tempo, não existe há décadas. Existem sugestões e orientações curriculares, para serem analisadas e discutidas, de acordo coma realidade de cada escola. Vocês sabiam que as recomendações do MEC falam de Parâmetros Curriculares e não de camisas de força curriculares?
E, novamente, caímos no conto do vigário... A orientação que era feita pela SME (sim, existia uma orientação para conhecimento de vocês) apontava para os conhecimentos e os conceitos que deveriam ser construídos em cada série – ou ciclo – e ao longo do Ensino Fundamental. Nunca mostraram essa material para a Sra. Secretária? A MultiEducação foi produzida pelas equipes pedagógicas da SME, e não por pessoas que desconhecem a nossa realidade.
De que inovação estão falando???
Orientou ainda os docentes a cobrar os deveres de casa das crianças e produziu cadernos de exercícios para as disciplinas. A aplicação de provas, que havia sido eliminada em administrações anteriores, voltou a ser regra e agora acontece a cada dois meses.
Cobrar deveres de casa das crianças... esse é mais um passo para alcançarmos a educação de qualidade? Vamos cobrar deveres de casa que serão feitos em que local? Sob a orientação de quem? Qual é o modelo de família e de casa que a SME imagina que existe?
A Sra. Secretária acredita mesmo que se aprende com quantidade de exercícios feitos? É com reforço repetitivo que se aprende?
Em que lugar está escrito que as provas foram eliminadas em administrações anteriores??? Outra afirmação leviana, típica de campanha eleitoral!
A avaliação contínua, processual e com vistas a dar um retorno para o professor sobre a quantas anda a aprendizagem de seus alunos, existe como pressuposto educativo desde o início do século passado. O que a SME pregou nos últimos tempos foi a necessidade de se variar a quantidade e a diversidade das situações avaliativas. NUNCA se proibiu a aplicação de provas, mas sempre insistimos que os alunos não devem ser avaliados por apenas uma prova, o que é completamente diferente e, parece, propositalmente distorcido.
“Antigamente, cada um seguia um caminho para chegar a um lugar que não sabíamos muito bem qual era. Hoje, falamos a mesma língua para atingir metas claras”, endossa a professora Deise Aparecida Gonçalves, com 22 anos de magistério na Escola Afonso Várzea, no Complexo do Alemão.
Por que é que os professores afirmam que não sabiam em qual lugar deveriam chegar? Qual é a dificuldade em compreender que o lugar que se pretende chegar, sempre, em qualquer ambiente educativo, é a aprendizagem? Os professores pararam de ensinar porque não havia um currículo padronizado e nem provas únicas? É essa a conclusão que devemos chegar ao ler a reportagem?
Claudia Costin: o professor como principal aliado nas mudanças
Entre as inúmeras batalhas travadas pela secretária Claudia Costin nos últimos meses, a mais dramática envolveu o analfabetismo entre os estudantes da rede. Essa situação vergonhosa veio à tona depois da aplicação de uma prova aos 211 000 alunos do 4º ao 6º ano, com idade entre 9 e 11 anos, logo no início de 2009. Com os exames, percebeu-se que 28 000 crianças eram analfabetas funcionais, como são chamadas as pessoas que, embora formalmente sejam capazes de ler e escrever, mostram-se incapazes de compreender um texto ou redigir uma pequena carta, por exemplo. Outro teste, aplicado a todas as séries, mostrou que quase 40% dos alunos apresentavam defasagem de conhecimento em matemática e 20% em português. Era um problema que vinha sendo jogado para debaixo do tapete fazia vários anos com a conivência de um sistema que previa a aprovação automática dos estudantes.
As afirmações são levianas. A Sra. Secretária está em plena guerra, numa batalha atrás da outra... vive dramaticamente cada dia (é para os leitores ficarem penalizados?). Esse problema nunca foi jogado para debaixo do tapete e nem houve conivência com essa situação. Houve descontinuidade nos processos, como está ocorrendo agora.
A situação do analfabetismo funcional vem de longa data e podemos afirmar, com carinho e pesar, que grande parte da responsabilidade dessa situação está no despreparo dos educadores para lidar com as metodologias de aprendizagem. Todas as vezes que se tenta alfabetizar sem sentido, é isso que ocorre. Paulo Freire nos ensinou essa parte, na década de 60.
E voltamos a mais um mantra eleitoreiro (isso, sim, é um mantra) que é a história da aprovação automática.
É tão mais fácil falar mal do sistema de avaliação, sem conhecê-lo, e ficar no senso comum, no lugar das coisas mal compreendidas...
Por que é que se tem tanta má vontade para tentar compreender que a avaliação não é uma peça solta no cardápio escolar? Por que é tão difícil as pessoas compreenderem que a avaliação é uma conseqüência natural, vinculada a uma prática pedagógica? E que, no caso do Rio de Janeiro, acreditamos que somos seres aprendentes, que ninguém desaprende, que a aprendizagem é contínua e que também construímos e reconstruímos conhecimentos? Por que é tão impossível se compreender que os alunos vão para a escola para aprender, e não para serem punidos? Por que é que não avaliamos o que o aluno sabe, ao invés de ficarmos perseguindo o que ele não sabe?Falamos todo o tempo em avaliação contínua e processual e essa expressão se transformou, simplesmente, em aprovação automática.
Isso é sério! É caso de calunia.
E quando, no final de 2009, já na gestão moralizadora, os diretores das escolas foram obrigados a inventar notas para os alunos que não tiveram professores durante o ano letivo? Foi uma das inúmeras ordens que foi dada em um dia para o mesmo dia... E ai de quem não cumprisse... Qual é nome que se dá a esse tipo de “avaliação”?
Inspirada em práticas bem-sucedidas no Brasil e no exterior, Claudia instituiu um programa de alfabetização para alunos de 4º e 5º ano, que já teve êxito com mais de 12 000 estudantes, e está enfrentando o déficit de aprendizagem com programas de reforço ministrados por voluntários, estagiários e ONGs. Os resultados desse esforço estão sendo medidos através da Prova Rio, uma avaliação externa aplicada uma vez por ano que permitiu identificar as 25 melhores escolas e as 100 piores do município.
As práticas bem sucedidas no Brasil são as divulgadas pelo Instituto Ayrton Senna – também contratado sem licitação e sem respaldo técnico pela SME. São livros didáticos que devem ser seguidos à risca, ao mesmo tempo, no mesmo ritmo, por todos os grupos envolvidos. Mais uma vez, os professores são obrigados a apenas seguir o que lhes é mandado, sem possibilidade de questionar ou adaptar o material as suas turmas.
Para isso, as equipes das Gerências de Educação das CREs transformaram-se em fiscalizadoras do projeto. Tomadoras de conta dos professores.
Quanto às práticas bem sucedidas no exterior, voltamos à história da contratação, também sem licitação e sem aval técnico, do Instituto Alfa e Beto, de Brasília, que pretende resolver o problema de alfabetização dos nossos alunos com o método fônico. A referência maior e mais divulgada é a da Dinamarca... Vocês devem saber que somos um povo muito próximo dos dinamarqueses. Nosso ambiente sócio-econômico-cultural é muito semelhante...
E voltamos, novamente à década de 60, com direito a reforço escolar e à “vovó viu a uva” e “o boi baba no babador”.
Com base nesses dados, os educadores das turmas de melhor desempenho serão premiados com um 14º salário. A assiduidade também será levada em conta na distribuição dos bônus — só receberão o prêmio os profissionais que tiverem menos de cinco faltas no ano. “A prefeitura está dando os primeiros passos de um longo caminho ao criar mecanismos, ferramentas e uma cultura de trabalho”, avalia o economista Sérgio Besserman, membro da comissão Parceiros da Educação Carioca, que reúne na secretaria representantes da sociedade civil.
Essas estratégias utilizadas pelos Administradores de plantão, com vistas à qualidade total ou coisa parecida, podem funcionar muito bem em empresas e fábricas, em que o que importa é ter um produto pronto e acabado num determinado tempo. Premiar os vendedores que conseguiram vender mais fogões, automóveis ou títulos de seguro também funciona, porque o sujeito só enxerga o sentido do seu trabalho na produtividade, que se traduz em vender e lucrar.
No nosso caso, premiar o que deve ser feito por todos, significa exatamente o quê? Estamos premiando os professores que não faltam e que ensinam? Mas essas não são condições básicas do trabalho docente?
E depois a gente reclama que a sociedade está numa total inversão de valores... que a competitividade está acabando com o ser humano... por que será? Será que esse tipo de atitude concorre para melhorar essa sociedade?Ou não conseguimos enxergar o que isso tem a ver com a formação dos alunos e dos próprios professores?
Até agora o que temos visto é uma exacerbação da competitividade em todos âmbitos. A SME está se esmerando em produzir competidores por excelência! As CREs disputam com as outras CREs. Escolas contra Escolas; professores contra professores; turmas contra turmas; alunos contra alunos...
Depois a gente chama a polícia para apartar... não é isso que estamos fazendo?
Isso é que estão chamando de educação de qualidade?
Abandonados pelas últimas administrações, os professores são um ponto crucial na estratégia. Para isso, a própria secretária abriu um canal direto de comunicação com o corpo docente ao tornar público seu e-mail pessoal já no primeiro dia no cargo. Em seguida, passou a utilizar ferramentas da internet, a começar pelo Twitter, para a divulgação de ideias, prestação de contas e notícias. Está com quase 6 000 seguidores.
Está certo, com a ressalva que os professores foram abandonados pela última administração e não pelas últimas administrações.
O canal direto de comunicação que a Sra. Secretária abriu, divulgando o seu e-mail pessoal, não representa absolutamente nada, na medida em que ela só responde, quando responde, ao que interessa a ela. Não se tem acesso para sugerir ou discordar de coisa alguma. Os professores se queixam que estão cansados de enviar mensagens que não têm resposta.
Os 5600 seguidores da Secretária são exatamente isso: seguidores. Apenas seguem. Os que merecem comentários e retwitadas são apenas os que concordam e aplaudem as iniciativas, que devem ser, mais ou menos uns... poucos. Os blogs e comunidades da SME são devidamente censurados e também só divulgam as mensagens elogiosas. Tá certo, tá certo, estão fazendo a parte deles.
É bom lembrar que, no afã de conquistar seguidores, a Sra. Secretária divulga coisas ainda não devidamente analisadas e amadurecidas pela sua equipe e, não raro, as suas mensagens são desmentidas, ou simplesmente enlouquecem a sua assessoria.
O corpo a corpo também tem sido importante nesse processo. Pelo menos duas vezes por semana ela deixa o gabinete e visita escolas. Faz questão de entrar em todas as salas. Como só conversa não basta, Claudia instituiu ainda um programa em que os educadores escolhem, a cada três meses, um livro nacional e um estrangeiro para ler. As obras que ganham essa espécie de eleição são distribuídas gratuitamente pela prefeitura. “Esse tipo de iniciativa dá um novo gás para a gente”, atesta Milene Basílio Stanislovaitis, diretora da Escola Ítalo Zappa, em Vargem Pequena.
Os livros e as visitas são excelentes iniciativas.
Pena que as os professores das Salas de Leitura, do PEJA e dos alunos portadores de necessidades especiais estejam sendo sacrificados por ordens e contra ordens.
Nascida em São Paulo, Claudia Maria Costin, 54 anos, construiu uma sólida carreira no setor público. Formada em administração pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), ela já exerceu os cargos de ministra da Reforma do Estado no governo FHC e de secretária de Cultura de São Paulo na gestão do governador Geraldo Alckmin. Foi também vice-presidente da Fundação Victor Civita, mantida pelo Grupo Abril, ao qual pertence Veja Rio.
E aqui a gente compreende perfeitamente a motivação dessa reportagem.
O que causa espanto é uma pessoa que lidou tanto tempo com a Revista Nova Escola não ter se apropriado de quase nada do que a revista divulga.
Convidada no fim de 2008 para assumir a Pasta da Educação no Rio, pediu ao prefeito Eduardo Paes carta branca para implementar por aqui as melhores práticas da área.
Faz isso com maestria. Não dá satisfação a ninguém dos seus atos, independente de estar ou não implementando as “melhores” práticas.
Foi atendida, mudou-se para a cidade e, desde então, conta que tem trabalhado uma média de doze horas por dia na secretaria e outras tantas em fóruns pela internet e visitas. Ao contrário de muitos dos seus pares, comporta-se na administração pública como se estivesse na iniciativa privada.
Inclusive, a assessoria direta fica “de castigo” na SME até tarde da noite, sem poder ir para casa, enquanto a Sra. Secretária twitta.
Seria bom tratar a instituição pública como pública, no que diz respeito à divulgação de suas justificativas. Induzir o leitor a acreditar que a iniciativa privada é melhor que a administração pública, é pouco sério e indigno.
Falemos das boas práticas. Isso não é um jogo: iniciativa privada X administração pública, não são anjos versus demônios. Existem boas e más condutas em todas as instâncias.
Seu desafio continua gigantesco. Mas, com tanto empenho, ela tem grandes chances de ser bem-sucedida.
E se continuar contando com a benevolência dos meios de comunicação, como tem sido até agora, poderá, inclusive, se candidatar a algum cargo eletivo no próximo pleito. Aí, sim, será totalmente bem sucedida!
Fonte: http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m1831/a-nova-cartilha-das-escolas - TAGS: SME/RJ - veja rio - educação
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